Na última terça-feira (05), uma ocorrência atendida pela 9ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), em Araripina, no Sertão do Araripe, trouxe à tona uma preocupante realidade vivida por muitas famílias brasileiras: a crescente violência dentro do próprio lar, agravada por fatores como vulnerabilidade social, ausência de políticas públicas eficazes e a banalização do uso da violência entre os jovens.
De acordo com informações da PM, um adolescente foi denunciado por ter lesionado seu próprio irmão com uma arma branca (faca), durante uma tentativa de desarme. A vítima contou que o irmão havia ameaçado a própria mãe, exigindo dinheiro, e ao intervir, acabou sendo ferido. A cena dramática retrata não apenas um ato isolado de violência, mas um quadro de desestruturação familiar e emocional.
Durante as diligências, a polícia localizou o menor envolvido, que estava acompanhado de outros adolescentes. Em depoimento, o jovem admitiu não só o ato cometido contra o irmão, como também revelou envolvimento em um furto ocorrido no dia anterior, utilizando um canivete como instrumento.
O que causa ainda mais perplexidade é a postura da mãe, que, segundo os policiais, se recusou a representar judicialmente contra o filho e sequer quis acompanhar o desfecho da ocorrência. A atitude, embora controversa, pode estar associada ao medo, à dependência emocional ou até mesmo à sensação de impotência diante do ciclo de violência familiar.
Esse caso é mais um reflexo da urgência em se repensar o papel do Estado e da sociedade na proteção da infância e juventude. A ausência de acompanhamento psicológico, de espaços seguros para escuta e acolhimento, bem como a falta de políticas efetivas de inclusão social, educação e cultura, empurra muitos jovens para o caminho da criminalidade.
Mais do que números em boletins de ocorrência, esses episódios revelam histórias de abandono, de traumas não tratados e de famílias que clamam – ainda que em silêncio – por apoio e intervenção.
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